O Câncer de Mama e a Fisioterapia

Jornal Cruzeiro do Sul - Região/ SP - Fisioterapia - 16/06/2006

O câncer de mama, depois dos tumores de pele, é o mais freqüente e, decorrente de seus efeitos psicológicos e de auto-imagem, é o mais temido pelas mulheres. Conforme dados do Instituto Nacional do Câncer (INCA), estima-se que 50 mil mulheres desenvolverão, em 2006, o câncer de mama, sendo a maioria diagnosticada já em fase avançada, ou seja, nos estágios III e IV.

Estudos vêm demonstrando que os excessos dos hormônios estrogênios podem desencadear a mutação celular errada, aumentando a chance do surgimento do câncer de mama.

O estrogênio é um hormônio básico da mulher, responsável pelo crescimento e sobrevida do tecido mamário. Está presente desde a adolescência até a menopausa. Sabe-se que quanto mais tempo a mulher estiver com este hormônio em exposição, maiores são as chances de uma divisão errada, sendo assim maiores os riscos para um futuro câncer de mama. (HALBE, 1999).

Há alguns fatores de risco conhecidos, como: história familiar de câncer de mama idade - as chances são maiores em idosas menarca (primeira menstruação) precoce e menopausa tardia - havendo então maior exposição dos estrógenos primeira gestação tardiamente mulheres nulíparas (sem filhos) - expostas a maior ação dos estrogênios mulheres que não amamentam - estas mulheres não permitem o amadurecimento das glândulas mamárias e permanecem pouco tempo em amenorréia (ausência de menstruação), aumentando a exposição dos hormônios endógenos uso de Terapia de Reposição Hormonal (TRH), por longa duração - que, por sua ação pode se converter em estrógenos ingestão de álcool e gorduras - podem aumentar o estrogênio obesidade - o tecido gorduroso pode levar à maior conversão periférica de percussores hormonais em estrógeno tabagismo e fatores ambientais.

Fatores de "Proteção": amamentação, atividade física, alimentação e gravidez.
- Como posso detectar? Existe um método muito simples, prático, indolor, não invasivo e muito bem aceito pelas pacientes: o Auto Exame das Mamas (AEM). É realizado pelas próprias mulheres, mas não é um método confiável, necessitando de exames adicionais.

O AEM pode ser realizado a partir dos 20 anos de idade, preconiza-se, após os 30 anos, mensalmente, até uma semana após a menstruação ou no mesmo dia de cada mês para mulheres que não menstruam.

Os sintomas de um câncer de mama palpável são nódulos ou tumor no seio, acompanhado ou não de dor. Podem surgir alterações na pele, como abaulamentos e retrações, ou até um aspecto semelhante à casca de uma laranja. Podem também surgir nódulos palpáveis na axila.

Além do AEM, existem métodos altamente confiáveis, como os Exames Clínicos Anuais, a Mamografia, Ultrassonografias e as Biópsias.

Quais são os tratamentos?

Tratamento cirúrgico - onde se radicaliza o carcinoma primário. As cirurgias realizadas dependem do tamanho do tumor, grau de comprometimento dos linfonodos da axila e se há algum comprometimento além destes, variando de uma cirurgia conservadora a uma mais radical.

Quimioterapia - medicamentos usados antes ou após a cirurgia para o combate do câncer. São na maioria das vezes aplicados na veia, onde misturados com o sangue agem em todo o corpo, combatendo as células que estão doentes.

Radioterapia - tratamento no qual se utilizam radiações para destruir um tumor ou impedir que suas células aumentem. A radioterapia pode ser usada em combinação com a quimioterapia ou outros recursos usados no tratamento dos tumores.

Hormonioterapia - utilizada como tratamento paralelo, pois esta raramente tem efeitos curativos. Indicada para pacientes que possuem receptores positivos de estrogênio.

Fisioterapia - também tem a sua participação para o tratamento das pacientes com câncer de mama, mas sem potencial de cura da doença. Ela atua na orientação, prevenção e tratamento de algumas complicações que possam surgir, oferecendo, portanto, melhor qualidade de vida.

No período do pós-operatório, o objetivo é restabelecer o mais rápido possível a função do braço do lado da cirurgia, que pode estar com limitação de movimento prevenir cicatrizes que possam se tornar hipertróficas e com aderência e as disfunções linfáticas, como o linfedema (inchaço do braço).

Já no período tardio, a fisioterapia atua na orientação de exercícios específicos para os membros superiores, exercícios posturais e respiratórios, auto-massagem e adaptações da rotina com cuidados diários para que se evite principalmente o surgimento do linfedema.

Vejamos alguns exemplo de exercícios para os membros superiores:

Membro com Linfedema - evite raspar ou depilar a axila do braço do lado operado use uma tesoura sem ponta em vez de tirar as cutículas das unhas do lado operado, afaste-as substitua o desodorante por bicarbonato de sódio diluído em água, na axila do lado operado injeções ou outros procedimentos que exijam o uso de agulhas devem ser evitados no braço ao lado da cirurgia, assim como medir a pressão arterial sem o uso de luvas de borracha, evite manusear produtos de limpeza, palhas de aço, mexer com terra, usar tintas, pois os mesmos podem causar algum ferimento no braço, reações alérgicas, ou outras reações indesejáveis, como o inchaço ao carregar sacolas, sempre dosar o peso, ou carregar a mais pesada no braço sadio durante o período de cicatrização e radioterapia, opte pelas roupas de algodão. Ao realizar atividades físicas como musculação, hidroginástica ou outra atividade, converse com o educador físico sobre a cirurgia a que se submeteu, assim poderá realizar a atividade física com segurança. Procure sempre informar à fisioterapeuta e ao seu médico qualquer sintoma que porventura passa aparecer.

Maria Carolina Rosa Lessa e fisioterapeuta em Sorocaba.

FONTE:SITE EDUCAÇÃO FÍSICA